Tinha acabado de acordar com um raio de luz proveniente do Sol a bater-lhe na sua face, aguou o rosto, como fazia todas as manhas ao acordar e foi comer o pequeno-almoço ao toque da sua melodia amada. Mal ela sabia que aquele dia ia ficar marcado na sua recordação pelos deteriores motivos. Os pais achavam-se na cozinha, mas não pronunciavam quaisquer palavras, como já era frequente há mais de um ano, e ela assim preferia, pois eles quando falavam era para gritar e ofenderem-se reciprocamente. Mas naquela manhã algo ocorreu, foi como se tivesse gerado uma terceira guerra mundial na cozinha, ouvia-se disparos de palavras por todos os lados, a mãe começara a lacrimejar, e a rapariga teve de se refugiar no seu quarto para não ser atingida por nenhuma bala. Sentou-se no extremidade mais afastada da porta e as gotas de água salgada começaram a cair, marcando-lhe a pele, ela liga a televisão e mete-a no som mais elevado para não escutar nada. É nesse momento que a mãe entra no quarto e lhe dá a notícia que a sua vida iria mudar a partir daquele dia. E ela deitou-se na cama e pensou, chorou, pensou e chorou outra vez, adormecendo, sonhando com os momentos bons que já tivera em família.